domingo, 11 de junho de 2006

Sal da Terra

Vós sois o sal da terra; mas se o sal se tornar insípido, com que se há de restaurar-lhe o sabor? para nada mais presta, senão para ser lançado fora, e ser pisado pelos homens. Mt 5:13

Jesus mesmo nos chamou de sal da terra. Não foi uma idéia que tivemos de nós mesmos.
E pensamos no sal marinho, puro, branco, capaz de conservar os alimentos e que dá sabor.

Mas apesar da boa idéia que fazemos de nós mesmos há uma interpretação errônea deste texto.
O sal na região da Terra Prometida não era branco e puro como o sal marinho que estamos tão acostumados.

Era literalmente um sal da terra, extraído do solo, misturado com outras substâncias minerais ou orgânicas.
Mas ainda assim ele temperava o alimento, dando-lhe sabor, conservando-o.
Somos assim. Somos diferentes, mas não tão puros ou limpos (senão aos olhos graciosos de Deus, mediante a justiça de Cristo que nos foi imputada mediante a fé) como o sal de cozinha.

Somos sal da terra. Levamos em nosso bojo certas impurezas, certas substâncias do solo de onde fomos arrancados.

Como Igreja Brasileira no exterior levamos o tempero não apenas do sal, mas o tempero da cultura brasileira.

O cidadão europeu que conosco congrega certamente gosta de sal. No mundo todo se gosta de sal.

Mas nem todos gostam do tempero da cultura brasileira.

Talvez precisemos fazer à semelhança dos restaurantes de comida chinesa que jamais conseguiriam vender no Ocidente a autêntica comida chinesa, mas a ocidentalizaram, a adaptaram ao paladar ocidental.

Podemos fazer como Paulo:

Pois, sendo livre de todos, fiz-me escravo de todos para ganhar o maior número possível: Fiz-me como judeu para os judeus, para ganhar os judeus; para os que estão debaixo da lei, como se estivesse eu debaixo da lei (embora debaixo da lei não esteja), para ganhar os que estão debaixo da lei; para os que estão sem lei, como se estivesse sem lei (não estando sem lei para com Deus, mas debaixo da lei de Cristo), para ganhar os que estão sem lei. Fiz-me como fraco para os fracos, para ganhar os fracos. Fiz-me tudo para todos, para por todos os meios chegar a salvar alguns. Ora, tudo faço por causa do evangelho, para dele tornar-me co-participante. (1 Co 9:19-23)
Podemos ser como alemães entre alemães e como portugueses entre portugueses e como dinamarqueses entre dinamarqueses.

Mas não podemos perder o sal. O sal é o Evangelho. É ele que noz faz diferentes e preciosos e úteis ao Reino de Deus.

As pessoas podem apreciar outros temperos mas jamais desprezarão o sal.
Você pode até olhar para uma mesa, cuidadosamente preparada, com pratos magníficos, com aroma espetacular. Mas se ao levar a boca estiver sem sal, todo aquele preparo e alimento se torna desprezível.

No caldo de uma cultura estrangeira, subjugados por um modo de vida tão diferente. Vivendo no alto padrão de vida da Europa ocidental, o crente brasileiro no exterior pode até perder suas raízes culturais. Pode se esquecer de muitas coisas e perder muitas coisas, mas não pode perder sua fé em Deus - não pode perder o sal.
Quando hoje olhamos para a rico e endurecido continente europeu, berço da Reforma não podemos deixar de sentir pena:

Porquanto dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que és um coitado, e miserável, e pobre, e cego, e nu; (Ap 3:17)

Porque o meu povo fez duas maldades: a mim me deixaram, o manancial de águas vivas, e cavaram para si cisternas, cisternas rotas, que não retêm as águas. (Jr 2:13)
Que Deus nos guarde. Que nós possamos ser realmente sal que salgue, não perca o sabor e luz para um mundo em trevas.

A Europa se esqueceu de Deus e vamos buscá-la como à ovelha perdida. Que não nos esqueçamos também do Senhor.
Deus abençoe

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