segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Vinte mil cidades sem nenhuma Igreja

Uma enorme metrópole - 8 milhões de pessoas com 0,01% de crentes.

Uma cidade com:
a. 600.000 habitantes - tem uma Igreja e um grupo caseiro
b. 265.000 habitantes - um grupo caseiro
c. 220.000 habitantes - uma Igreja
d. 120.000 habitantes - nenhuma Igreja
e. 120.000 habitantes - nenhuma Igreja
f. 100.000 habitantes - nenhuma Igreja

Um tremendo desafio: um sertão espiritual.

Nao ha perseguicao religiosa. Nao é um pais da janela 10X40.

A metropole de 8 milhoes de habitantes é a regiao do Ruhr (quarta maior metropole europeia depois de Moscou, Londres e Paris)
A cidade a) é Essen, b) é Gelsenkirchen, c) Oberhausen, d) Recklinghausen, e) Bottrop e f) Witten

A Alemanha tem 2% de nascidos de novo em 83 milhoes de pessoas e como eu disse acima vinte mil cidades sem Igreja.

Na sexta e sabado, 23 e 24 de outubro participei com minha esposa e cerca de 50 outros pastores e lideres do Encontro Latino do BFP, a Associacao de Igrejas Pentecostais Alema.
Sao cerca de 750 Igrejas das quais umas 250 sao Igrejas de imigrantes ou com cultos em outras línguas diferentes do alemão.

O BFP esta fazendo um esforco para integrar as igrejas étnicas na cultura alema e reconhece o esforco de evangelismo delas.

Por isso estou divulgando o curso abaixo que foi apresentado no referido encontro e pode ser desafiador para os chamados para a obra do Evangelho:

OPEN HEART ACADAMIE
WEENER– ALEMANHA
Um Ministério do Seminário Teológico da Igreja Christus– Kirche Weener BFP

ESCOLA DE IDIOMAS
SEMINÁRIO PARA OBRA MISSIONÁRIA
E FUNDAÇÃO DE IGREJA

O curso é em português, o custo é baixo (até para uma igreja média brasileira que queira investir em missões), a necessidade de obreiros é imensa.
O curso pertence a uma Igreja Pentecostal do BFP (Associacao das Igreja Pentecostais na Alemanha).
A idéia é trazer obreiros vocacionados para implantar Igrejas na Alemanha/Europa ou outras nacoes.

Alemanha: 83 milhoes de pessoas
Nascidos de novo = 2%

Vinte mil cidades sem nenhuma Igreja

Região de Westfallen tem 0,01% de crentes
Região de Ruhr (quarta maior metrópole da Europa depois de Moscou, Londres e Paris) com 8 milhões de habitantes.

A Alemanha é estratégica: aqui a primeira Bíblia foi impressa, daqui saiu a Reforma Protestante, aqui se desenvolveu o Pietismo e aqui os Moravios encontraram abrigo com o Conde Zinzendorf iniciando o movimento moderno de missões.

Deus está te chamando?
Mais informacoes: (em alemão)
www.christus-kirche-bfp.de

Deus abencoe.

Observacao. Estou apenas divulgando e nao disponho de maiores informacoes.

No amor de Cristo

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Meus pais - Mario e Dirce Bragança

Meus pais são casados ha 55 anos. Na realidade no próximo dia 5 de novembro vão completar mais um ano de vida conjugal.

Admiro meus pais.

Minha mae, muito dedicada, amorosa e meu pai muito honesto e trabalhador.

Uma boa recordação que tenho da infancia foi nunca ter visto meus pais brigarem ou discutirem. Nunca ouvi um palavrão em casa.

Nós tinhamos bebidas em casa e meu pai apreciava um bom vinho, mas nunca passou da conta. Ele nos ensinou a beber sem nunca exceder. E víamos o seu exemplo, sempre comedido, prudente. Ensinou-nos pelo exemplo. Sábio ensino.

Nós, os filhos, Rosali, eu e Rosane, brigávamos o tempo todo. Briga de crianca.

Depois vieram o Marcos e a Nina, mas eu já estava saindo de casa para a Escola de Cadetes e nao acompanhei muito eles.

Mas nossos pais sempre punham ordem na casa. Se a bronca e as chineladas da mae nao bastassem, o pai podia usar o cinto. E nós morriamos de medo das cintadas.

Mas eles nao eram violentos ou injustos. Só nos disciplinavam. E gracas a Deus fizeram isso. Já agradeci muito a Deus que tive pais que me amaram tanto que decidiram me disciplinar nas coisas que fiz errado.

Nós crianças sempre estavamos perto da mae, é claro.

Nosso pai vinha almoçar em casa (bons tempos) e ao final do dia voltava do trabalho.

Lembro-me dele me contando histórias, dele e minha mae me ensinando a ler antes de entrar na escola.
Uma vez levei uma bronca porque nao conseguia diferenciar as letras e, l e b. Na grafia à mao todas eram parecidas para mim. Mas depois da bronca aprendi.

Minha mae nos cobrava a lição de casa.

Gracas a Deus que encontrei Wania, minha esposa e namorada que tambem cobrava as lições dos nossos filhos.

Meu pai nos pagava, com seu salario suado, boas escolas, que ele mesmo e minha mae nao puderam frequentar. Sempre deram valor a educação.

Meus pais foram bons alunos e chegaram no maximo que pessoas pobres podiam chegar naquela epoca de tao poucas oportunidades de estudo no Brasil. Chegaram a estudar ingles na Cultura Inglesa e ficavam treinando ouvindo os programas em ingles em ondas curtas.

Filhos de duas familias cheias de filhos, tinhamos dezenas de primos e primas nas festas de Natal.

E os encontravamos nas casa de meus avós Guilherme e Erna e da Vovó Ina (Rosalina - meu avo Aprigio faleceu quando meu pai ainda era jovem).

Lembro tambem de meu pai nos contando as historias do Tarzan e nos incentivando a ler e liamos muito em casa. Nas férias me lembro de ler um livro por dia, quando ainda estava no terceiro ano primário. Liamos as colecoes de livros (nao gibis) do Tarzan e do Karl Mai (Winnetou, o Mao de Ferro) e tambem Arsene Lupin, o ladrão de casaca e os livros da coleção Saraiva com clássicos que meu pai colecionava. E liamos tambem gibis, do Superman e Superboy, Tarzan, Tio Patinhas e Mickey.

E eu lia tambem enciclopédias. Amava ler a Tecnirama e depois vinha a Conhecer. Mas nunca tive jeito para a medicina, detestava sangue e injecoes, por isso nao suportava Medicina e Saude.

Uma coisa que nunca esqueci foi quando meu pai folheava uma antiga enciclopédia Trópico e me contou a história da escada de Jacó - uma história bíblica numa enciclopédia! Que bom! Hoje mais de 40 anos depois ainda me lembro dos meus pensamentos naqueles dias. Minha mente voava ao pensar em Jacó usando uma pedra como travesseiro e recebendo uma revelação de Deus.

Nossos pais nos levavam a praia aos domingos. As vezes, num dia da semana, meu pai nos levava tambem a praia para pescar siri, com um puçá.

Ele e meus tios tinham tambem comprado um picaré (rede de 20 metros) e me lembro das noites em que iamos pescar na praia em Santos. Um monte de tios, tias, primos, primas, dividindo peixinhos, siris e todo o mundo levava um pouco de peixe pra casa. Era divertido. Umas duas vezes apareceu um carro da policia para ver que movimento era aquele na praia as dez da noite, todos nós com lampiões e lanternas.

Isso me inspirou mais tarde a comprar uma rede de arrasto quando morei em Pernambuco. Gosto de pescar com rede.

Um dia fomos ao Guaruja, acho que na praia de Pitangueiras. Eu tinha uns cinco anos. Eu estava andando no jardim, quando resolvi dar um chute num montinho de terra.
Era um formigueiro. Fui atacado pelas formigas indiferentes aos meus berros. Meu pai me pegou no colo e me levou na agua salgada. As formigas me largaram. Nunca me esqueci que ele me salvou.

E quantas vezes meus pais me ajudaram, me aconselhando, me ajudando em inúmeras circunstancias.

Apesar disso tudo sempre me lembrei de meu pai como um homem calado. Ele falava pouco. E herdei dele esse temperamento tambem.

Ao longo dos anos, fui sendo transformado pelo Evangelho e fiquei mais expansivo, mais falador. Mas isso porque tenho algo para falar. De mim mesmo, continuo o mesmo calado por dentro de sempre.

Quando meus pais tinham uns 48 anos de casados, nós morávamos em Jundiai e eu queria de alguma forma honrar meus pais. Na próxima semana ia ser o Dia dos Pais e eu nao sabia o que fazer.

Eu havia feito um curso ótimo chamado Veredas Antigas da Universidade da Família (www.udf.org.br) e tinha me dado conta de duas coisas:
  • Honrar os pais é uma coisa muito boa de se fazer (a Biblia diz: honra a teu pai e a tua mae...).
  • Eu tinha dificuldade de conversar com meu pai pois éramos muito calados.
Meus pais apareceram em casa naquela semana e a unica coisa que me ocorreu foi dizer ao meu pai:

Vou lhe escrever um e-mail esta semana.

Eu podia ao menos dar um presente de Dia dos Pais mas nao pensei nisso na hora.

E passei aquela semana tentando escrever um e-mail para dizer ao meu pai como ele era importante para mim. Nao escrevi para minha mae porque achei que ela sabia como ela era importante pra mim, pois normalmente os filhos falam mais com a mae do que com o pai.

Quando comecei a escrever no meu potente 486 com 1 Gigabyte de Disco (rsrs), meus filhos iam ver o que eu estava fazendo. Eu estava emocionado e as vezes as lagrimas rolavam.

Eram tantas lembrancas. Pedi para eles me deixarem escrever e depois poderiam ler a vontade.
Infelizmente perdi aquele e-mail, mas ainda me lembro de algumas palavras pois foi algo muito importante para mim.
Queria repetir o que escrevi naquele dia - ainda vale hoje:

Pai,

agora que eu sou pai, entendo o jeito calado do senhor nos amar.
O senhor nunca deixou faltar nada em casa.
E eu aprendi com o senhor a ser honesto e trabalhador.

Tenho orgulho de dizer que nunca vi uma briga em casa, nunca ouvi uma palavrao em casa, nunca vi meu pai bebado.

Isso para mim é um tesouro.

Alguem escreveu que o maior presente que se pode dar a um filho é amar a mae desse filho e eu tenho visto o senhor amar Mamãe por quase 50 anos (agora ja sao 56 anos) e esse presente é para mim inestimável.

É o maior presente que o senhor poderia me dar.

Naquele e-mail nao escrevi, mas queria hoje dizer a minha mae que ela tem sido como a Bíblia diz a respeito da mulher sábia:

A mulher sábia edifica o seu lar...

Muitas sao as lutas na familia. Mas minha mae foi sabia e edificou o nosso lar.

Minha mae e meu pai sao um exemplo de quem todos podem aprender e de quem nós, filhos, podemos para sempre nos orgulhar.

Eles lutaram e mantiveram seu casamento por mais de 50 anos! Que exemplo para filhos, netos e em breve (se Deus quiser) bisnetos!

Há quase trinta anos atras ouvi a história abaixo (no finalzinho) e a tenho contado em casamentos. Falei no casamento do Jonatas e Noemi, e tambem no casamento do David e Junia.


Foi baseado nessa história que escrevi ao meu pai naquele e-mail:
Na minha opinião, o senhor e mamãe pintaram, com os pincéis da vida, o quadro mais lindo do mundo!

Voces trabalharam a vida toda por amor a nós. Somos muito gratos, apreciamos e reconhecemos o esforco, amor e dedicacao de voces.

Eu enviei aquele e-mail, alguns anos atras com o fundo musical do filme "Ao Mestre com Carinho".

É um lindo filme e a melodia é muito bonita.

Mas eu acho a letra mais linda ainda.

Pois ela fala de um mestre que um dia nós deixamos para tras, da mesma forma que deixamos o nosso lar, os nossos pais e vamos viver a nossa vida.

"E enquanto parto sei que me afasto do meu melhor amigo.
Um amigo que me ensinou a diferenca entre o certo e o errado,
Entre o fraco e o forte.
Isso é tao dificil de aprender.
O que eu poderia lhe dar em troca?

Se você quisesse a lua
Eu tentaria levar as estrelas

Mas eu preferia que voce me deixasse lhe dar o meu coração

Ao mestre, com amor"

Ao meu pai e minha mãe, meus mestres, com amor:
  • Feliz Aniversário, Pai.
  • Feliz 56. Aniversário de Casamento, Papai e Mamãe.
Eu não apenas os amo mas tenho muito orgulho e admiração por vocês.

Mario
_______________________

Assistam o vídeo, escutem a música e leiam as legendas.


A história que eu li:

Um célebre pintor, que tinha realizado vários trabalhos de grande beleza, convenceu-se, certo dia, de que ainda lhe faltava pintar a sua obra prima.
Em sua procura por um motivo, numa poeirenta estrada,encontrou um idoso sacerdote que lhe perguntou para onde se dirigia.
Não sei, respondeu o pintor. Quero pintar a coisa mais bela do mundo. Talvez que o senhor possa me orientar.
É muito simples- disse o sacerdote - Em qualquer igreja ou crença você achará o que procura. A fé é a mais bela coisa do mundo.

Prosseguiu viagem o pintor. Mais tarde, perguntou a uma jovem noiva se sabia qual a coisa mais bela do mundo.
O amor- respondeu ela. - O amor torna os pobres em ricos, suaviza as lágrimas, faz muito do pouco. Sem amor, não há beleza.

Continuou ainda o pintor a sua procura. Um soldado exausto cruzou o seu caminho, e quando o pintor lhe fez a mesma pergunta, respondeu:
A Paz é a mais bela coisa do mundo. A guerra a coisa mais feia. Onde você encontrar a paz, fique certo de que encontrará a beleza.

- Fé, Amor e Paz. Como poderei pintá-las? - pensou tristemente o artista.

Meneando a cabeça desanimado, tomou o rumo de casa.

Ao entrar em sua própria casa, deu com a coisa mais bela do mundo.

Nos olhos dos filhos estava a Fé.
O Amor brilhava no sorriso de sua esposa.
E aqui,em seu lar, havia a Paz de que lhe falara o soldado.

Realizou assim o pintor o quadro "A coisa mais bela do mundo". E, terminando-o, chamou-lhe "lar".


Na minha opinião, o senhor e mamãe pintaram, com os pincéis da vida, o quadro mais lindo do mundo!


Transpondo os muros - para além dos medos e preconceitos

Hermes Fernandes
via Genizah

Pra que servem os muros, afinal? Para segregar e delimitar propriedade. A Igreja de Cristo deveria estar no ramo de demolição, e não de construção de muros. Em Cristo, tudo o que nos separa deve ser transposto.

Não se pode usar textos isolados das Escrituras para justificar qualquer tipo de segregação. A igreja é lugar de congregar, e não de segregar. Seu ambiente deve possibilitar o intercâmbio, a troca de experiências, a partilha de recursos. Nela as pessoas devem se sentir à vontade para amar e se deixarem amar, independentemente de posição social, etnia ou faixa etária.

Quem promove segregação demonstra não ter entendido a amplitude da obra consumada na Cruz. Veja o que Paulo diz aos Efésios:
"Portanto, lembrai-vos de que vós outrora éreis gentios na carne, e chamados incircuncisão pelos que na carne se chamam circuncisão, feita pela mão dos homens; que naquele tempo estáveis sem Cristo, separados da comunidade de Israel, e estranhos às alianças da promessa, não tendo esperança, e sem Deus no mundo" (Ef.2:11-12).

Tal era a nossa condição antes que Cristo vertesse Seu sangue na Cruz. Éramos todos alienados de Deus, e segregados uns dos outros. A Cruz foi a resposta de Deus à alienação humana.

Pausa pra respirar fundo. Agora deixemos que Paulo prossiga em sua explanação:
"Mas AGORA em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, já pelo sangue de Cristo chegaste perto. Pois ele é a nossa paz, o qual de ambos os povos fez um, e destruiu a parede de separação, a barreira de inimizade que estava no meio, desfazendo na sua carne" (vv.13-14).

ACABOU! O muro ruiu! Deus unificou os povos, e deu à humanidade um novo nome: IGREJA.
Isso mesmo que acabei de dizer. A Igreja nada mais é do que a nova humanidade, isto é, a humanidade reformada, reconfigurada, renovada.

Todas as distinções caíram por terra."Assim já não sois estrangeiros, nem forasteiros, mas concidadãos dos santos, e da família de Deus" (v.19).

Foi a Cruz que rompeu com o muro de inimizade que havia entre os homens. Pena que tantos ministérios trabalhem para reconstruir o que custou tão caro para Deus derrubar.

Seguindo esta mesma linha de raciocínio, Paulo diz em outra passagem:
"Desta forma não há judeu nem grego, não há servo nem livre, não há macho nem fêmea, pois todos vós sois um em Cristo Jesus" (Gl.3:28).

Parafraseando o verso, diríamos: Não há mais branco, negro ou índio. Não há mais patrão ou empregado. Não há mais distinção sexista. Ninguém deve ser julgado pela cor de sua pele, por sua posição social, ou por seu gênero sexual. Todos fomos nivelados pela Cruz.

Embora os muros já tenham sido derrubados, eles ainda habitam nosso imaginário, como verdadeiras fortalezas espirituais que precisam ser dinamitadas (2 Co.10:4).
A serpente do paraíso agora se arroga a guardiã dos muros. Ninguém é mais conservador do que o diabo. Ele prefere as coisas do jeito que estão. Por isso, luta pela manutenção do Status Quo.

Lemos em Eclesiastes 10:8:
"Quem fizer uma cova, cairá nela; quem romper um muro, uma cobra o morderá."

Esta cobra, representação do diabo, é quem mantém as pessoas afastadas do muro. O controle que ela exerce é pela via do medo do desconhecido. E assim, ela consegue manter as pessoas aprisionadas em seu próprio mundinho particular.

Um ótimo filme sobre este tema é A Vila, do diretor indiano M. Night Shyamalan, que retrata os habitantes de um vilarejo encravado numa floresta, que vivem isolados do mundo exterior, pois ninguém pode cruzar a fronteira do bosque que cerca o lugar. Muitos anos antes foi firmado uma espécie de pacto com os estranhos seres que vivem na mata, e nenhum humano pode se aventurar bosque adentro ou coisas terríveis podem acontecer. Quando alguns animais começam a aparecer esfolados e marcas vermelhas amanhecem nas portas das casas de todos, fica evidente que a paz com os habitantes da floresta foi de alguma forma perturbada. O jovem Lucius é o único com coragem para atravessar o bosque em busca de remédios para seu povo, mas é contido pelos anciãos do vilarejo. A impressão inicial é que a história se dá em séculos passados. Mas no final do filme, para a surpresa de todos, descobre-se que a trama se desenrola nos tempos atuais, e que todo aquele mistério nada mais era do que uma mentira inventada pelos fundadores da vila, para manter seus habitantes longe do contacto com o mundo exterior.

Os crentes primitivos tiveram sua fase de “A Vila”. A ordem de Jesus foi clara: Deveriam ficar em Jerusalém até que fossem revestidos do poder do Espírito Santo. A partir daí, deveriam se espalhar pelo mundo, atravessar fronteiras, ir ao encontro de outras culturas, e pregar o Evangelho destemidamente. Mas o que eles fizeram? Ficaram plantados em Jerusalém. Deus teve que permitir uma perseguição implacável contra a igreja, para que os discípulos se deixassem espalhar.

Romper o muro é deixar nossa zona de conforto e sair ao encontro do desconhecido, do imprevisível, sem se importar com as ameaças da serpente.

Em sua despedida dos Efésios, Paulo desabafa:
"E agora, compelido pelo Espírito, vou para Jerusalém, não sabendo o que lá me há de acontecer. Somente sei o que o Espírito Santo de cidade em cidade me revela, dizendo que me esperam prisões e tribulações" (At.20:22-23).

Quem aceitaria ir nessas condições? Quem, de bom grado, deixaria um lugar onde se é amado, para aventurar-se num lugar onde se é odiado?

Parafraseando Paulo: - Tudo bem! Eu não tenho minha vida por preciosa! O que me interessa é cumprir com alegria a minha carreira e o ministério que recebi do Senhor Jesus, para dar testemunho do evangelho da graça de Deus (v. 24).

Em outra de suas viagens, desta vez para Roma, Paulo sofreu uma naufrágio, e foi parar numa ilha chamada Malta, juntamente com toda a tripulação do navio.

Enquanto se aquecia ao redor de uma fogueira, uma serpente saltou do fogo e se apegou à sua mão. “Quando os nativos viram a serpente pendurada na mão dele, diziam uns aos outros: Certamente este homem é homicida; pois embora salvo do mar, a Justiça não o deixa viver”(At.28:4).

Se Paulo fosse julgado pelos critérios com que os ministérios de hoje são avaliados, diríamos que ele foi um completo fracasso. Ele nunca constituiu uma mega-igreja. Nunca viajou de primeira-classe. Os habitantes de Malta tinham razão em desconfiar dele. O que não sabiam é que aquela serpente era como que um aviso para que Paulo se mantivesse longe daquela gente. O que Paulo fez? "Mas, sacudindo ele a cobra no fogo, não sofreu mal nenhum. Eles esperavam que Paulo viesse a inchar ou a cair morto de repente, mas tendo esperando muito tempo e vendo que nenhum incômodo lhe sobrevinha, mudando de parecer, diziam que era um deus" (vv.5-6). Resultado: os nativos daquela ilha foram alcançados pelo Evangelho.

Não podemos permitir que a serpente se nos apegue à mão, isto é, comprometa nossa obra no Senhor. Seu veneno já não tem qualquer poder de nocividade contra nós.

Que venham as ameaças. Não temos nossa vida por preciosa! Que venham as mordidas de serpentes, seu veneno será neutralizado. Seu bote já não nos aterroriza.

Cristo destruiu o que tinha o império da morte, a saber, o diabo, e libertou todos os que estavam presos pelo medo da morte (Hb. 2:14).

Maior é o que está em nós! E não estou falando de triunfalismo barato, mas de confiança n’Aquele que nos enviou a transpor os muros, e que garantiu que pegaríamos nas serpentes, e que nenhum mal nos sucederia (Mc.16:15-17).

E quanto a guardiã dos muros? Seu destino está selado. Em breve será esmagada sob os nossos pés (Rm.16:20).

sábado, 3 de outubro de 2009

Sarando as feridas

"Mas um samaritano, que ia de viagem, chegou ao pé dele e, vendo-o, moveu-se de íntima compaixão; E, aproximando-se, atou-lhe as feridas, deitando-lhes azeite e vinho; e, pondo-o sobre a sua cavalgadura, levou-o para uma estalagem, e cuidou dele; E, partindo no outro dia, tirou dois dinheiros, e deu-os ao hospedeiro, e disse-lhe: Cuida dele; e tudo o que de mais gastares eu to pagarei quando voltar." - Lucas 10:33-35

Jesus contou a parábola do bom samaritano para explicar o amor ao próximo. De fato ele mesmo, sendo judeu, foi chamado de samaritano e endemoninhado (Jo 8:48). Os judeus menosprezavam os samaritanos pois sua fé era uma certa mistura de ritualismo judaico com paganismo. E menosprezando Jesus queriam ofende-lo chamando-o de samaritano.

Os samaritanos eram, na sua época, como os membros de certas Igrejas de hoje que vendem um Evangelho barato e adulterado.
Mas nao devemos discriminar essas pessoas, como Jesus ensinou. Jesus encontrou pessoas cheias de fé mesmo entre os samaritanos (Lc 17:16 e Jo 4:39-40).

E por isso Ele conta a parábola a respeito de si mesmo. Ele é o bom samaritano. O problema que a religião nao resolveu (nem o levita, nem o sacerdote), Jesus, o desprezado, pode perfeitamente resolver. Ele cura as feridas e paga as dívidas.

Ha alguns dias fiz uma ferida na mao e sendo um lugar que movimenta existe a tendência da ferida se abrir pois o tecido nao tem flexibilidade e se rasga pelo movimento.

Lembrei-me então dessa passagem em que o samaritano passa vinho e azeite nas feridas.

A ciencia médica hoje sabe que o vinho possui efeitos antibacterianos e é fato conhecido que o vinho era usado para lavar e curar as feridas em diversos povos da antiguidade, incluindo naturalmente os judeus.

Pasteur declarou que o "Vinho é a mais sã e higiênica das bebidas" e isto de fato era uma realidade até os tempos modernos pois nao havia tratamento de água e era às vezes mais saudável beber vinho do que água. Na idade média muita gente morreu de tifo ao beber água.

Por isso entendemos a aplicação de vinho as feridas como passávamos álcool ou mertiolate para desinfetar a área atingida.

O vinho simboliza o sangue de Jesus, derramado por nós e que tem a capacidade de lavar nossa alma e limpa-la e lavar e curar, cicatrizar nossas feridas.

Mas qual a finalidade do azeite? Por que aplica-lo as feridas?

O profeta Isaias responde esta questao:

"Desde a planta do pé até a cabeça não há nele coisa sã, senão feridas, e inchaços, e chagas podres não espremidas, nem ligadas, nem amolecidas com óleo." - Is 1:6

O azeite era usado para amolecer as feridas.

Quando nos convertemos ao Senhor Jesus Cristo ele nos salva com o seu sangue e inicia o processo de cura do nosso ser.

A salvação é imediata mas o processo de transformação da nossa vida à semelhança de Jesus Cristo as vezes é longo e doloroso.

Nessa hora entra o Espírito Santo, simbolizado pelo azeite complementando o tratamento feito pelo sangue de Jesus.

Nossas feridas de vez em quando sao abertas novamente pelas circunstâncias da vida e coisas que pensávamos já estarem resolvidas comecam novamente a sangra e doer. O Espirito Santo nos ajuda a sermos mais flexiveis. Ele amolece nossas feridas.
  • Já experimentou passar azeite numa ferida?
  • Já fiz isso. Isso a deixa mais flexivel e ela nao abre mais.
Num mundo tao agressivo como o nosso, precisamos do vinho do sangue de Jesus e do azeite do Espírito Santo para suportarmos as injúrias.

De fato nao sei se é justo esperarmos menos dor. Talvez isso nos prepare para suportarmos mais dor, mais injustiça e mais injúrias.

1 Pe 2:19-22 nos aponta este caminho. Se quisermos ser imitadores de Cristo, precisamos desta uncao que vem da cruz, das feridas e do sangue derramado por nós e do céu de onde o Espírito Santo nos é derramado.

"Porque para isto sois chamados; pois também Cristo padeceu por nós, deixando-nos o exemplo, para que sigais as suas pisadas. O qual não cometeu pecado, nem na sua boca se achou engano.
O qual, quando o injuriavam, não injuriava, e quando padecia não ameaçava, mas entregava-se àquele que julga justamente; Levando ele mesmo em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro, para que, mortos para os pecados, pudéssemos viver para a justiça; e pelas suas feridas fostes sarados." - 1 Pe 2:19-22

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Ira justa

As vezes fico com medo de perder a capacidade de me indignar.

Sao tantas injusticas, é tanta violencia que a gente tem duas escolhas:
  • ou sofre junto com os que sofrem
  • ou cauteriza de vez o coracao para nao sentir tanta dor.
Infelizmente ja estamos um pouco cauterizados. Vemos as pessoas passando necessidade ou o Tsunami ou as guerras e tudo isso parece tao distante na TV. Mas sao pessoas, e estao sofrendo.

Quando foi lancado o filme "A Paixao de Cristo" nao tive coragem de assistir no cinema. Pensei que podia ter um infarto.
Só de pensar no que fizeram ao meu Senhor me causava tanta comocao que eu passava mal

Minha esposa assistiu ha poucos minutos no Youtube um video sobre indios brasileiros enterrando vivos seus filhos.

E os missionarios sao impedidos de evangelizar para nao mudar a "Cultura" dos indios.

Me lembrei do texto do Salmo 7 dos versos 11-17 que diz:

"Deus é um juiz justo, um Deus que sente indignação todos os dias.
Se o homem não se arrepender, Deus afiará a sua espada; armado e teso está o seu arco;
já preparou armas mortíferas, fazendo suas setas inflamadas.
Eis que o mau está com dores de perversidade; concedeu a malvadez, e dará à luz a falsidade.
Abre uma cova, aprofundando-a, e cai na cova que fez.
A sua malvadez recairá sobre a sua cabeça, e a sua violência descerá sobre o seu crânio.
Eu louvarei ao Senhor segundo a sua justiça, e cantarei louvores ao nome do Senhor, o Altíssimo."

Que possamos ser como Deus, sentir indignacao pela injustica.
E que possamos ser como o salmista, estarmos certos de que o nosso Deus (que é misericordioso, gracioso, perdoador, que nao tem prazer na morte do impio mas que deseja que ele se converta e viva) é um justo juiz, misericordioso, mas justo.

E que Ele tenha misericórdia e seja gracioso para conosco. E que possamos ter como Deus uma ira justa que nos mova a pregar o Evangelho, o único remédio para um mundo perdido nos seus pecados.

Paz.