quarta-feira, 11 de junho de 2008

Como tratar a questao do divorcio na Igreja.

Não era assim há 25 anos atrás, nem tampouco há 10 anos.

Parece que de repente eu acordei de um sonho e a Igreja estava cheia de divorciados.

Pior – não eram só divorciados, mas também casados em segundas núpcias.

De repente, começaram a participar dos nossos cursos de família, divorciados e recasados.

Criou-se uma situação embaraçosa, porque eles chegavam ali com a impressão de que tudo estava normal e que iam aprender como manter o seu relacionamento (como diria Vinicius de Moraes: Que não seja imortal, posto que é chama Mas que seja infinito enquanto dure)

E eles estavam ali. Prontos para aprender.

Assentados com a cara lisa. O que vamos ouvir?

Como vamos aprender a manter nosso casamento até o próximo divórcio.

Enquanto hoje no Brasil a taxa de divórcios é de aproximadamente 50%, entre casados uma segunda vez, o divórcio atinge 80% dos casos.

E o instrutor e sua esposa se contorcendo em dores. Como falar a verdade sem ferí-los?

A Igreja de repente estava cheia de pastores divorciados e casados segunda vez.
Uma leva de casais, mal vista em outras igrejas e denominações e por isso se sentindo preterida, inadequada, isolada.

E ali estava uma igreja que abria as portas para eles.

A Igreja não estava totalmente errada.

Jesus disse à mulher apanhada em flagrante adultério: -Onde estão os teus acusadores? ... Eu também não te condeno... Vai e não peques mais.

Jesus também conversou com a mulher samaritana – a que já tinha tido cinco maridos e agora estava com um sexto, que não era seu. Jesus se revelou a ela, às claras, não por enigmas ou parábolas. Mas disse: Eu o sou (o Messias), eu que falo contigo.

Não é extraordinário?

Severidade e graça.

Não que a atitude da Igreja de escancarar as portas esteja totalmente certa.

A graça e o perdão de Deus sempre estão disponíveis, mas é necessário arrependimento.

Ser crente no Senhor Jesus Cristo não é só aceitar uma doutrina, abraçar um credo, tomar uma decisão, levantar o braço e ir a frente no apelo e ter carteirinha da Igreja.
Antes de tudo é abandonar as obras mortas e produzir frutos dignos de arrependimento.

Um dos frutos dignos de arrependimento aguardados é a reconciliação com seu cônjuge.

Deste modo se uma pessoa se divorcia e se converte o comportamento esperado dela não é um novo casamento “com um crente”, mas a reconciliação com seu cônjuge.

É necessário interromper essa postura de orar para que Deus levante um novo marido ou uma nova esposa para os divorciados.

Precisamos orar por arrependimento, conversão, reconciliação.

Conforme ordem expressa de Jesus, relatada nas cartas de Paulo (não é Paulo que ordena, mas Jesus), o crente não deve se separar, mas caso a separação eventualmente aconteça, ele não deve jamais se casar com outra pessoa, mas sim procurar a reconciliação com seu cônjuge:

1Co 7:10-15 Todavia, aos casados, mando, não eu mas o Senhor, que a mulher não se aparte do marido; (11) se, porém, se apartar, que fique sem casar, ou se reconcilie com o marido; e que o marido não deixe a mulher. (12) Mas aos outros digo eu, não o Senhor: Se algum irmão tem mulher incrédula, e ela consente em habitar com ele, não se separe dela. (13) E se alguma mulher tem marido incrédulo, e ele consente em habitar com ela, não se separe dele. (14) Porque o marido incrédulo é santificado pela mulher, e a mulher incrédula é santificada pelo marido crente; de outro modo, os vossos filhos seriam imundos; mas agora são santos. (15) Mas, se o incrédulo se apartar, aparte-se; porque neste caso o irmão, ou a irmã, não está sujeito à servidão; pois Deus nos chamou em paz.

Observe que se separar do cônjuge nunca deve partir do crente – esta é uma atitude típica dos incrédulos.
Caso isto aconteça, neste caso o irmão ou irmã, está livre da obrigação – mas fique sem casar, como orienta o verso 10.

O que fazer com os divorciados?

Ensina-los que o divórcio é abominável ao Senhor. Deus detesta o divórcio.
Mal 2:16 Pois eu detesto o divórcio, diz o Senhor Deus de Israel...

Levá-los ao arrependimento por terem se divorciado.

Levá-los ao arrependimento pelas brigas e discussões – coisa que não convém aos santos
E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual fostes selados para o dia da redenção. Toda a amargura, e cólera, e ira, e gritaria, e blasfêmia sejam tiradas dentre vós, bem como toda a malícia. Antes sede bondosos uns para com os outros, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou em Cristo. (Ef 4:30-32)

Levá-los ao arrependimento por uma segunda união, a qual é adultério:

Eu, porém, vos digo que todo aquele que repudia sua mulher, a não ser por causa de infidelidade, a faz adúltera; e quem casar com a repudiada, comete adultério. (Mat 5:32)
Eu vos digo porém, que qualquer que repudiar sua mulher, a não ser por causa de infidelidade, e casar com outra, comete adultério; [e o que casar com a repudiada também comete adultério.] (Mat 19:9)

Ao que lhes respondeu: Qualquer que repudiar sua mulher e casar com outra comete adultério contra ela; e se ela repudiar seu marido e casar com outro, comete adultério. (Mar 10:11-12)

Levá-los a reconhecer que Deus não os dirigiu a se separar do seu cônjuge. Deus também não os dirigiu a se casar uma segunda vez.
  • Deus não é Deus de confusão. Ele não permite, segundo as Escrituras, divórcio e um segundo casamento.
  • Se a pessoa diz que reconhece o seu pecado, este é um bom indício de arrependimento. Mas se ela insiste, dizendo que Deus a dirigiu a se separar, ou Deus a orientou a se casar uma segunda vez, isto é pecado e falta de arrependimento.

    Há uma multidão de gente sincera, arrependida, vítima dos mais desastrados desencontros familiares, hoje na Igreja. Gente que entendeu, se arrependeu, mas a vida já estava tão complicada – já havia um nó cego – não dava para desfazer.

    E hoje eles chegam humildes, quebrantados. Ao que muito foi perdoado, muito amará.

    Por isso essas pessoas muitas vezes são mais dedicadas do que aqueles que nunca passaram por uma crise conjugal.

    Ali estão elas dispostas a trabalhar, dinâmicas, decididas, arrependidas.

    O que fazer com elas?

    Bem eles podem trabalhar na obra de Deus. Podem sentir o encargo, mas não possuir o cargo.
    De certa forma elas serão penalizadas por escolhas erradas que fizeram no passado – escolheram quebrar a aliança do casamento – Deus perdoa, mas elas são mal vistas sob o aspecto de testemunho pessoal e não devem possuir cargos na Igreja, nem de diácono, presbítero ou pastor.

    · É necessário, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma só mulher, temperante, sóbrio, ordeiro, hospitaleiro, apto para ensinar; não dado ao vinho, não espancador, mas moderado, inimigo de contendas, não ganancioso; que governe bem a sua própria casa, tendo seus filhos em sujeição, com todo o respeito (pois, se alguém não sabe governar a sua própria casa, como cuidará da igreja de Deus?); (1Ti 3:2-5)

    · Os diáconos sejam maridos de uma só mulher, e governem bem a seus filhos e suas próprias casas. (1Ti 3:12)


    A Palavra é clara – se uma pessoa não consegue administrar sua própria casa (e isto inclui os filhos), como cuidará da Igreja de Deus?

    Aliás, diga-se de passagem: uma pessoa convertida, nunca deveria votar em alguém divorciado, pois se alguém não consegue administrar sua própria casa, como administrará uma cidade, estado ou país?

    O governo da Igreja é mais importante que o governo da nação. Desse modo um pastor que ignora a Palavra de Deus na questão de divórcio e segundo casamento, permitindo ou aprovando relações ilícitas, também não deve preservar sua posição de Pastor por muito tempo.

    Deus não se agrada desta postura.

    Normalmente encontramos pastores assim, que querem ver “sua” igreja (e não Sua Igreja) crescer a qualquer custo e estão dispostos a abrir mão de princípios bíblicos e morais em troca de um crescimento fácil.

    É fácil entender a lógica (na mente pastoral): se eu pregar contra o divórcio quarenta pessoas vão embora (e elas contribuem financeiramente – e elas são o testemunho do meu sucesso como pastor – como minha igreja cresceu rápido).

    Elas irão para outra igreja que não prega contra o divórcio (e isso vai me fazer sentir mal – a minha igreja vai diminuir de tamanho – as ofertas e dízimos vão diminuir e o meu prestígio pessoal como pastor de uma grande igreja vai diminuir).

    A quem estamos servindo. A nós mesmos?

    Exercemos nosso ministério para agradar a Deus ou aos homens, incluindo nós mesmos?

    Pregamos o evangelho e somos pastores por vocação ou profissão.
    Medimos nosso desempenho por números ou pela comunhão com Deus que advém da obediência?

    Jesus mandou um recado para todos os pastores que perderam o amor a Deus... A Igreja é o candeeiro. Arrependa-se antes que Deus o tire do pastorado.

    Lembra-te, pois, donde caíste, e arrepende-te, e pratica as primeiras obras; e se não, brevemente virei a ti, e removerei do seu lugar o teu candeeiro, se não te arrependeres. (Ap 2:5)

Um comentário:

Pescador35 disse...

Pr. Mário,
...um homem viveu com uma mulher, teve filhos mas não era casado legalmente. Este homem separou-se da mulher, hoje ele é convertido e é noivo de uma irmã (quer casar com ela). Qual seria a postura da Igreja para com os irmãos e qual postura ele (o irmão) deveria tomar? A igreja está correta em aceitar o casamento ou deve aconcelha-lo voltar para sua antiga mulher? E se a mulher não o quizer mais ou já estiver em outro relacionamento (a mulher não é convertida)? Um abraço, Davi Oliveira.