sábado, 22 de agosto de 2009

A Centralidade da Cruz


“Na teologia histórica cristã a morte de Cristo é o ponto central da história; para aí todas as estradas do passado convergem; e daí saem todas as estradas do futuro.” – Stephen Neill
Para muitos, um símbolo de esperança, para outros, a morte. A cruz tem gerado sentimentos controversos, até mesmo para nós cristãos. O apóstolo Paulo diz que a “cruz é loucura para os que não crêem”. Ele referia-se aos gregos, que com o seu pensamento lógico e racional não poderiam admitir “… uma pessoa de mente sadia adorar como deus um homem morto, justamente condenado como criminoso e submetido à forma mais humilhante de execução? Essa combinação de morte, crime e vergonha colocava-o muito além do respeito, sem falar da adoração” (A Cruz de Cristo, John Stott). Ao mesmo tempo, os muçulmanos não aceitam o fato, pois para eles, ninguém pode expiar as culpas de outrem. A continuação do texto do apóstolo Paulo diz, “mas para nós é poder de Deus”.

O homem tem a necessidade de colocar a cruz no centro de sua vida. Quem quer ser discípulo deve tomar a sua cruz a cada dia e seguir Jesus, Ele mesmo disse.
Quando olhamos para a cruz, lembramos de nossa real condição espiritual. Quando olhamos para a cruz, vemos nossa condição miserável e a necessidade de salvação. A centralidade da cruz em nossas vidas nos dá condição de perceber a vontade de Deus para nós, e por conseqüência o cumprimento fiel desta vontade. Cristo quando foi para a cruz, na realidade já estava morto, não o seu físico, mas suas vontades. Ele não vivia para Ele, mas para o Pai. Muitos cristãos falam de boca cheia, “não vivo eu, mas Cristo vive em mim”. Essa declaração coloca a cruz de forma intrínseca na nossa alma. Declaro então que sou um morto vivo, condição melhor para mim, e não um vivo morto, meu estado carnal e distante de Deus.

No mesmo patamar, a Igreja deve centralizar a cruz em todas as suas atividades. A cruz é o símbolo de nossa fé. Foi através dela que o Senhor nos leva de volta ao Pai, resgata o homem e o liga novamente a Deus. Cristianismo difere de outras religiões pelo simples fato de o homem não precisar realizar nada para se aproximar de Deus e alcançar a salvação. Deus se encumbiu disso.Muitas igrejas têm deixado de lado a pregação da cruz, acham “forte” demais falar sobre condenação e morte, pecado… pode assustar seus membros.

Cito P.T. Forsyth, congregacionista inglês em seu livro “A crucialidade da cruz, 1909” – “Cristo é para nós o que é a cruz. Tudo o que Cristo foi no céu ou na Terra foi colocado no que Ele fez aí… Cristo, repito, é para nós justamente o que a cruz o é. A pessoa não pode compreender a Cristo até que compreenda a sua cruz.”

John Stott estuda profundamente a cruz de Cristo em seu livro homônimo, e declara porque a Igreja primitiva escolheu a cruz como símbolo. “Desejavam comemorar, como centro da compreensão que tinham de Jesus, não o seu nascimento nem a sua juventude, nem o seu ensino nem o seu serviço, nem a sua ressurreição nem o seu reino, nem a sua dádiva do Espírito, mas a sua morte e a sua crucificação”.
A centralidade da cruz na vida da Igreja e na nossa vida é compreensiva pelo simples fato da negação do nosso EU. A morte do Ego foi decretada na cruz, pois lá está o modelo de como devem agir os verdadeiros cristãos.

Relacionar-se com Deus passa pela cruz. Jesus declara ser o único caminho para o Pai e é na cruz que o véu rasga-se por inteiro, e o nosso acesso é liberado desde então. Há quem diga que o simbolismo da cruz passa a idéia do relacionamento Deus/homem e homem/homem, no braço vertical representa o acesso a Deus e no braço horizontal, o nosso relacionamento com nossos irmãos.

Não importa como você enxerga a cruz, importa sim, que devemos levar cada um a sua. Na versão da Linguagem de Hoje, a Bíblia diz ter a morte que eu vou ter. Jesus não fala aqui de morrer na cruz, todos nós crucificados, antes fala na realidade de deixar de lado nossas vontades, buscar a vontade do Pai, matar nossa carne e nosso Ego.

A centralidade da cruz traz a importância e coloca novamente em evidencia a teologia do Mediador, de um Cristo mediador entre Deus e os homens. Ele no centro, assim como curiosamente a sua cruz ficou ao centro, entre os dois ladrões.


Fonte: Nitrogenio

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