quarta-feira, 19 de maio de 2010

Uma nova (velha) Eclesiologia para a Igreja Brasileira principalmente para as Assembéias de Deus

A Eclesiologia brasileira precisa mudar.

Queria expressar alguns conceitos e creio que para comecar este texto a seguir é bom. Achei-o numa pagina batista.
Sou pentecostal mas amo a sobriedade e vigilancia dos batistas. Eu poderia ser batista pentecostal.

Quando vejo o que esta acontecendo nas Assembleias de Deus com seus Papastores-presidentes brigando por poder, deixando Igrejas e ministerios como heranca aos filhos e "amigos", falsificando atas de assembléia para se perpetuarem como pastores vitalícios e leio a sobriedade deste texto, vejo confronto entre a escravidao e a liberdade, a religiosidade caduca e a dinamica do Espirito Santo, o diabo contra o Reino de Deus.
Aprecie este texto como um hino a liberdade.

E quero deixar bem claro e escrever com todas as letras: uma Igreja ficar independente de uma Igreja "Mae" nao é por si só pecado. Continuar submisso a um lider que vive em pecado pode ser pecado de omissao.

IGREJA BATISTA

AGÊNCIA DO REINO DE DEUS
AUTÔNOMA E INDEPENDENTE DE QUALQUER PODER
TEMPORAL CENTRALIZADOR

Cada Igreja batista é autônoma e independente de poder centralizador humano. A igreja depende única e exclusivamente do Espírito Santo de Deus. Nenhum grupo pode, por mais poderoso, organizado politicamente (convenção, federação, união, conselho, concílio, sínodo, conferência ou tendo qualquer outro nome que seja), nem deve tentar se colocar como autoridade sobre uma igreja batista. Os batistas foram, são e continuarão sendo (os verdadeiros e legítimos batistas) defensores da autonomia eclesiástica da comunidade local. Por serem de caráter congregacional, os batistas não toleram para suas igrejas a idéia papal, episcopal ou sinodal.

Faltam hoje grandes líderes batistas, como num passado próximo, quando vozes de homens como Reis Pereira, Rubens Lopes ou de João Filson Soren, todos já na glória, que se levantavam para colocar nos trilhos da ortodoxia batista as investidas dos que postulam um poder mais centralizador de nossas Convenções e Juntas.

Num passado mais remoto vemos um Walter Rauschenbusch (04/10/1861 - 25/07/1918) chamado de profeta da Justiça Social, que sempre defendeu com clareza e precisão o espírito democrático das igrejas batistas.

Em seu livro "POR QUE SOU BATISTA?", ele dá quatro razões pelas quais se denomina batista:

1 - A experiência espiritual pessoal, base da convicção batista.

2 - A organização democrática de nossas igrejas.

3 - Simplicidade e espiritualidade do culto batista.

4 - O batismo, os credos e a Bíblia.

Na segunda razão pela qual ele é batista, o pastor e professor de teologia Walter Rauschenbusch declara que:

1- "Eu penso que nossa igreja batista, apesar de múltiplas imperfeições, é construída sobre linhas nobres, cristãs e por isso eu a amo.
Ela se esforça por criar uma organização de gente realmente cristã. Ela só admite como membros os que fazem o pedido declarando que se encontraram com Cristo, que O amam e querem segui-lo. Ela retira do seu seio os que não vivem de forma cristã. Ela pode se enganar, recebendo rapidamente alguém como membro ou excluindo lentamente quem deveria ser excluído.

2- Nossas igrejas são verdadeiras democracias cristãs. O povo é soberano. Todo poder dos pastores, diáconos e conselheiros lhes é dado pela igreja.
O espírito democrata das igrejas batistas é algo que nos deixa orgulhosos de sermos batistas. Uma assembléia de igreja batista é uma reprodução das assembléias populares. Nosso sistema é mais democrata que o governo dos presbiterianos. Corresponde muito mais ao cristianismo primitivo. O governo católico nasceu sob o imperialismo romano. O episcopal está intimamente ligado à monarquia. O governo batista se harmoniza com o ideal governo do povo pelo povo e para o povo.

3- Nossas igrejas batistas não reconhecem nenhuma classe eclesiástica. Nossos pastores não são diferentes dos leigos.

4- Nós não temos hierarquia no corpo pastoral. Nada de padre acima do vigário, de bispo acima do padre, de arcebispo sobre o bispo, nem de papa sobre todos.

5- Nossas igrejas são autônomas. Cada igreja é soberana em seus negócios. A independência de nossas igrejas não as impede de ser unir às igrejas co-irmãs para uma obra de fraterna cooperação, para construir convenções regionais, estaduais ou nacionais, ou sociedades missionárias no interior ou no exterior.

6- Nossas igrejas batistas recusam toda e qualquer união com o Estado. Elas não aceitam ordens do governo e não lhe pedem nenhum favor, mas apenas que legalmente lhe sejam acordadas as isenções de impostos previstos na legislação. Os batistas insistem na separação das igrejas do Estado.

A liberdade da igreja é a liberdade de desenvolver sua vida religiosa e moral, de resolver seus problemas administrativos sem ingerência ou por mesquinhas considerações."

Durante meus mais de dois lustros como missionário na França, pais da "LIBERTE, EGALITE, FRATERNITE", e dos Direitos Universais do Homem, vi os batistas sendo tolerantes e respeitadores e muito aprendi com eles. A história das igrejas da França é muito rica.

Há um fato histórico ocorrido com a igreja da Rue de Lille, em Paris, que é revelador do espírito batista. Ela tinha sido organizada pelo Pastor Philémon Vincent, com ajuda de missionários americanos da Convenção Batista de Boston, USA.

A igreja devia muito aos batistas americanos. Eles construíram o templo, financiando o custo à igreja. Cada ano um grande oferta vinha de Boston para cobrir as despesas e desenvolver o trabalho na França toda, além de Paris.

Desde 1887 o Pastor Philémon Vicent dirigia a igreja de Paris. Ele tinha sido escolhido pelos membros da igreja e exercia o pastorado plenamente.

Alguns problemas de relacionamento surgiram com os missionários americanos e, como as relações não melhoravam, a União Missionária de Boston resolveu destituir o Pastor Philémon e nomeou outro para o seu lugar. Isso ocorreu no dia 18 de outubro de 1895.

Mas aquela igreja era uma igreja batista e conhecia os princípios batistas que declaram que a igreja local não tem outro chefe a não ser Jesus. Portanto, ela é soberana e independente sob a conduta do Espírito Santo, para decisões tanto de ordem material como espiritual. Uma das prerrogativas não é a livre escolha de seu pastor? Assim sendo a igreja não aceitou a ingerência de fora e manteve o Pastor Phlémon Vincent.

No dia 27 de outubro de 1895 a igreja se reuniu pela última vez no templo da Rua de Lille e no dia 03 de novembro do mesmo ano se instalou em 02 salas alugadas: na Avenue des Gobelins e na Rue de Sèvres.

Uma igreja batista é livre de tomar suas decisões. Em 17 de dezembro de 1899 o novo templo da igreja estava pronto e inaugurado na Avenue du Mailne no.123, onde até hoje está firme e sólido.

Sempre fui marcado por essas colocações da maravilhosa liberdade das igrejas batistas, sua independência que não as impede de participar de grupos de igrejas irmãs, na fé e na prática, sua autonomia que as impulsiona a uma cooperação mútua sem ter um poder central ditador.

A beleza distintiva dos batistas está em parte nessas grandes verdades:

a) Nenhuma igreja batista está subordinada a outra igreja.

b) Nem há grupo ou pessoa que lhe determine o que fazer ou o que deixar de fazer, a não ser a maioria dos seus próprios membros.

c) Nem conselho, presidente ou diretor pode mandar em uma igreja batista. Os presidentes de Convenções Estaduais e Nacionais, ou da Aliança Batista Mundial não tem nenhuma autoridade, nenhum poder sobre as igrejas e essas não lhes devem obediência.

Os órgãos criados pelas igrejas, as associações, convenções e juntas são meramente servos e auxiliares das igrejas. As convenções são servas das igrejas e não o contrário.

Assim pensavam os batistas, e assim ainda eles o crêem.

Pastor Paulo Roberto Sória

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