domingo, 9 de agosto de 2009

Oração da Maçaneta

Hoje é dia dos Pais e meus filhos e noras vieram me visitar. Tivemos toda a familia junta para o almoco e foi uma bencao.

Minha esposa fez uma comida deliciosa bem brasileira (quer dizer adaptado com os produtos daqui): arroz, salpicao, farofa de banana (estava ótima) e como carne de vaca aqui é dificil, tivemos peito de peru com batatas ao forno.
Para sobremesa, bolo de limao com sorvete.

Dia gostoso em familia. Que presente de Dia dos Pais maravilhoso. Ganhei diversos presentes mas o maior presente foi estarmos juntos reunidos em amor.

Olhando eles agora adultos, alguns ja casados, fico pensando em como nossos filhos sao tao preciosos.

Depois da presenca e amor de Deus, eles sao nossos tesouros mais queridos.

Me lembro quando eles estudavam a noite e ficavamos ansiosos, orando ate que chegassem. E entao agradeciamos ao Senhor por te-los trazido em paz.

O irmao e poeta Gioia Junior, já na Glória, escreveu este lindo poema que fala deste momento de espera em que oramos pela chegada de nossos filhos em casa, a salvo: A Oracao da Macaneta.



Não há mais bela música
que o ruído da maçaneta da porta
quando meu filho volta para casa.


Volta da rua, da vasta noite,
da madrugada de estranhas vozes,
e o ruído da maçaneta
e o gemer do trinco,
o bater da porta que novamente se fecha,
o tilintar inconfundível do molho de chaves
são um doce acalanto,
uma suave cantiga de ninar.


Só assim fecho os olhos,
posso afinal dormir e descansar.


Oh! a longa espera,
a negra ausência,
as histórias de acidentes e assaltos
que só a noite como ninguém sabe contar!


Oh! os presságios e os pesadelos,
o eco dos passos nas calçadas,
a voz dos bêbados na rua
e o longo apito do guarda
medindo a madrugada,
e os cães uivando na distância
e o grito lancinante da ambulância!


E o coração descompassado a pressentir
e a martelar
na arritmia do relógio do meu quarto
esquadrinhando a noite e seus mistérios.


Nisso, na sala que se cala, estala
a gargalhada jovem
da maçaneta que canta
a festiva cantiga do retorno.
E sua voz engole a noite imensa
com todos os ruídos secundários.


- Oh! os címbalos do trinco
e os clarins da porta que se escancara
e os guizos das muitas chaves que se abraçam
e o festival dos passos que ganham a escada!
Nem as vozes da orquestra
e o tilintar de copos
e a mansa canção da chuva no telhado
podem sequer se comparar
ao som da maçaneta que sorri
quando meu filho volta.


Que ele retorne sempre são e salvo,
marinheiro depois da tempestade
a sorrir e a cantar.
E que na porta a maçaneta cante
a festiva canção do seu retorno
que soa para mim
como suave cantiga de ninar.


Só assim, só assim meu coração se aquieta,
posso afinal dormir e descansar.


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